quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Exaustão. Do normal ao patológico. Parte 1





O que difere o ser humano dos outros seres vivos é a consciência.  Tendo consciência, pensamos.
A qualidade de nossos pensamentos pode determinar o quanto exaurimos ou não a nossa energia, a forma como lidamos com certas situações que nos incomodam também.

Quando não conseguimos resolver determinado assunto, ou insistimos em mantê-lo “vivo” sem solução,  trazendo a tona sentimentos de culpa, vergonha, medo, impotência, podemos desencadear alguns sintomas.

 
Hoje falaremos sobre a diferença entre exaustão e cansaço.

Exaustão corresponde a um estado onde há perda das forças físicas ou mentais, prostração, excesso de cansaço, esses estados de esgotamento persistentes são citados como estresse patológico ou negativo.

Já o cansaço é um estado passageiro, uma sensação de desgaste após um dia de trabalho, ou de atividade intensa, seja físico ou mental, eliminado de forma simples e instintiva com boas horas de sono e atividades relaxantes, seria o chamado estresse fisiológico ou  positivo.

Um refere-se a um estado corriqueiro, normal, do nosso dia-a-dia, devido nossas atividades laborais, familiares e sociais, o outro está mais relacionado a uma situação patológica que, a longo prazo, pode evoluir para uma doença.

Revisando textos sobre exaustão, deparei com um que fala sobre Síndrome de Burnott www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol34/n5/223.html e observei muitos pontos em comum com relatos do cotidiano dos meus pacientes; alto estresse crônico no trabalho e emocional, despersonalização, diminuição da realização pessoal, etc.

O ser humano sempre buscou desenvolver formas mais confortáveis para a sua sobrevivência, isso demanda estratégias, tempo, disponibilidade, e, consequentemente, dependendo da forma como "encaramos" essas situações, estresse. A própria sobrevivência grupal e individual gera tensão, basta observamos nossos antepassados quando lutavam pela própria vida caçando para alimentar-se, protegendo-se de animais selvagens, e das próprias condições do meio externo; frio, calor, tempestade, furacões, etc.

Atualmente, a cobrança por performance exemplares, rendimentos além das forças físicas, envolvimento intelectual extremistas, fazem com que nos afastemos de coisas simples que nos trazem um relaxamento maior.

As crianças já estão sendo expostas a estes padrões robotizados logo cedo, perdem a “inocência” das brincadeiras infantis para serem introduzidas a salas de informática, inglês, kumon, karatê, balé,  uma quantidade imensa de informações que as tornam cada vez mais competitivas e menos humanizadas.

Adultos adotam o mesmo padrão; combinamos de nos reunirmos em um bar para reencontrarmos amigos que não vemos há anos, e, no entanto, ao invés de "curtirmos" esse momento precioso, "curtimos" sim uma mensagem postada no facebook, WhatsApp, exatamente no momento que nosso amigo está contando a história de sua vida, suas experiências, etc.

Não é   incomum irmos a um restaurante e depararmos com casais sentados frente a frente, namorando, não um com o outro, mas com seus aparelhos sofisticados.

Sentimentos e atitudes negativas     nos relacionamentos do indivíduo com o seu trabalho, com seus amigos e familiares, com a sociedade em si geram grande insatisfação pessoal, desgaste, perda de comprometimento. Afinal de contas, o ser humano é sociável e depende das inter-relações para seu crescimento intelectual, emocional e material.

Enfim, tudo isso leva a um situação tão crônica que nem percebemos estar vivenciando uma exaustão emocional.  Exaustão, do normal ao patológico, parte 2, falará exatamente sobre isso. 




Mirian Ilda da Silva












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