O que difere o ser humano dos outros seres vivos é
a consciência. Tendo consciência, pensamos.
A qualidade de nossos pensamentos pode determinar o
quanto exaurimos ou não a nossa energia, a forma como lidamos com certas
situações que nos incomodam também.
Quando não conseguimos resolver determinado
assunto, ou insistimos em mantê-lo “vivo” sem solução, trazendo a tona sentimentos de culpa,
vergonha, medo, impotência, podemos desencadear alguns sintomas.
Hoje falaremos sobre a diferença entre exaustão e
cansaço.
Exaustão corresponde a um estado onde há perda das
forças físicas ou mentais, prostração, excesso de cansaço, esses estados de
esgotamento persistentes são citados como estresse patológico ou negativo.
Já o cansaço é um estado
passageiro, uma sensação de desgaste
após um dia de trabalho, ou de atividade intensa, seja físico ou mental, eliminado
de forma simples e instintiva com boas horas de sono e atividades
relaxantes, seria o chamado estresse fisiológico ou positivo.
Um refere-se a um estado corriqueiro,
normal, do nosso dia-a-dia, devido nossas atividades laborais, familiares e
sociais, o outro está mais relacionado a uma situação patológica que, a longo
prazo, pode evoluir para uma doença.
Revisando textos sobre exaustão,
deparei com um que fala sobre Síndrome de Burnott
www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol34/n5/223.html
e observei muitos pontos em comum com relatos do cotidiano dos meus pacientes;
alto estresse crônico no trabalho e emocional, despersonalização, diminuição da
realização pessoal, etc.
O ser humano sempre buscou
desenvolver formas mais confortáveis para a sua sobrevivência, isso demanda estratégias, tempo, disponibilidade, e, consequentemente, dependendo da forma como "encaramos" essas situações, estresse. A própria
sobrevivência grupal e individual gera tensão, basta observamos nossos
antepassados quando lutavam pela própria vida caçando para alimentar-se,
protegendo-se de animais selvagens, e das próprias condições do meio externo;
frio, calor, tempestade, furacões, etc.
Atualmente, a cobrança por
performance exemplares, rendimentos além das forças físicas, envolvimento
intelectual extremistas, fazem com que nos afastemos de coisas simples que nos
trazem um relaxamento maior.
As crianças já estão sendo expostas a
estes padrões robotizados logo cedo, perdem a “inocência” das brincadeiras
infantis para serem introduzidas a salas de informática, inglês, kumon, karatê,
balé, uma quantidade imensa de
informações que as tornam cada vez mais competitivas e menos humanizadas.
Adultos adotam o mesmo padrão; combinamos
de nos reunirmos em um bar para reencontrarmos amigos que não vemos há anos, e,
no entanto, ao invés de "curtirmos" esse momento precioso,
"curtimos" sim uma mensagem postada no facebook, WhatsApp, exatamente no momento que nosso amigo está
contando a história de sua vida, suas experiências, etc.
Não é incomum
irmos a um restaurante e depararmos com casais sentados frente a frente,
namorando, não um com o outro, mas com seus aparelhos sofisticados.
Sentimentos e atitudes negativas nos relacionamentos do indivíduo com o
seu trabalho, com seus amigos e familiares, com a sociedade em si geram grande
insatisfação pessoal, desgaste, perda de comprometimento. Afinal de contas, o
ser humano é sociável e depende das inter-relações para seu crescimento intelectual,
emocional e material.
Enfim, tudo isso leva a um situação tão crônica que nem percebemos estar vivenciando uma exaustão emocional. Exaustão, do normal ao patológico, parte 2, falará exatamente sobre isso.
Mirian Ilda da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário