terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Exaustão, do normal ao patológico. Parte 2. Características. Despersonalização.




                                                            b)    Despersonalização(distanciamento afetivo)

A despersonalização é entendida como uma desordem de dissociação, ou seja, experiências de sentimentos de irrealidade, de ruptura com a personalidade, processos de amnésia e apatia, é como  se você deixasse de ser você, existe alguém, mas não nos identificamos com essa nova pessoa.

Esse sintoma pode apresentar-se isoladamente ou associado a outros transtornos de personalidade (bipolar, esquizofrenia,  mudanças comportamentais pós estresse traumático e ataques de pânico).







“ Já não me reconheço, me olho no espelho mas vejo uma outra pessoa, isso tem acontecido com frequência, é como se alguém olhasse para mim e falasse: quem é você?  Venho me sentindo assim desde o dia que fui traído, achava que tudo era perfeito, que minhas atitudes eram as melhores possíveis, de repente, me vi diante de uma situação que não sabia lidar. Não sabia mais quem eu era e o que eu estava fazendo aqui na terra. Tive vontade de morrer...”


É comum pessoas que estão passando pela situação de despersonalização falarem dessa forma, acham até mesmo que estão deprimidos, mas a ansiedade é a grande vilã. Normalmente não conseguem mais viver o momento presente, ficam presas ao passado ou idealizando o futuro.
Seus conflitos internos tornam-se insuportáveis, há uma dose exagerada de emoção diante do problema real. A pessoa confunde realidade com ilusão, e cria uma situação de conflito entre a situação verdadeira e a sua mente criativa.


A despersonalização provoca sensação de alienação em relação aos outros sendo a presença destes, muitas vezes, desagradável e não desejada.

... sou obrigada a conviver com ela, trabalhamos no mesmo setor, mas sempre me sinto mal, sempre que ela chega perto, é como se eu me sentisse desgastada...

... é como seu eu ficasse totalmente apática,  a simples presença da minha sogra em  minha casa, falando o que devo ou não devo fazer, me irrita, mas não falo nada em respeito ao meu marido....

A despersonalização está muito relacionada a indivíduos competitivos, esforçados, impacientes, com excessiva necessidade de controle das situações, dificuldade em tolerar frustrações.

Consideram que suas possibilidades e acontecimentos de vida são consequentes à capacidade de outros, à sorte ou do destino. Normalmente, possuem uma visão pessimista e costumam destacar os aspectos negativos, preveem insucesso, sofrendo por antecipação.
Perfeccionistas, são bastante exigentes consigo mesmo e com os outros, não tolerando erros e dificilmente se satisfazendo com os resultados das tarefas realizadas, decepcionam-se facilmente.
Sinais que caracterizam a despersonalização ou exaustão emocional ou síndrome de Burnott:

  • Necessidade de se afirmar ou provar ser sempre capaz; dedicação intensificada e imediatista,
  • Descaso com necessidades pessoais básicas como comer, dormir, sair com amigos,
  • Não enfrentamento dos problemas, mesmo quando há  percepção de algo errado,
  • Isolamento, recolhimento e aversão a atividades sociais,
  • Fuga dos conflitos, desvalorização de coisas que antes tinham valores; lazer, casa, amigos,
  • Dedicação maior ao trabalho do que qualquer outra coisa,
  • Desvalorização de outras pessoas,   começam a achar que os outros são incapazes e que possuem desempenho abaixo do que o seu,

  • Supervalorização de si,

  • Contatos sociais cínicos e agressivos,

  • Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor), evita diálogos pessoais e dão preferência aos e-mails, mensagens, recados,

  • Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante,

  • Sinais de depressão (marcas de indiferença, desesperança, exaustão, a vida perde o sentido),

  • Síndrome do esgotamento profissional com colapso físico e mental, esse é o último estágio, considerado emergencial e necessidade de ajuda médica e psicológica.

Como pudemos observar,    a exaustão é um sinal de que algo vai mal, ou seja, um sintoma e não  necessariamente uma doença instalada.
Pode ser revertida com alguns cuidados; primeiro    a   conscientização de que é uma fase e está muito relacionada com a ansiedade, com nosso apego ao passado e nossas expectativas do futuro.

No próximo post;  Exaustão, do normal ao patológico. Como amenizar os sintomas. Parte 3, iremos dar algumas dicas de como amenizar o sofrimento,  oriundo da exaustão, através das terapias naturais. 

Por Mirian Ilda da Silva




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